quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal

Nesta quadra de reunião familiar, é comum acentuarem-se as saudades dos ente-queridos que já partiram. Acentua-se a dor e a solidão pela ausência dos que nunca deixarão de estar presentes nas nossas vidas e recordações. Simultaneamente, somos chamados a partilhar da alegria, da partilha, dos preparativos, da festa e dos presentes.

Este Natal, o Capelo de Barcelos, deseja que se vivam momentos de partilha de afectos e de sorrisos, em ambientes de união e amor, permitindo que as saudades e as ausências se façam de memórias doces.

Feliz Natal!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Capelo de Barcelos nos Media

Amanhã, terça-feira 2 de Dezembro, poderão ouvir na Rádio Barcelos uma entrevista em que ficarão a conhecer um pouco mais o Capelo, os objectivos e propostas.

Estaremos disponíveis para esclarecer qualquer dúvida: barcelos@apelo.pt.

Aproveitamos este espaço para agradecer aos Jornais Barcelos Popular e A Voz do Minho, bem como à Rádio Barcelos, a disponibilidade e interesse em conhecer e divulgar o Centro de Apoio à Pessoa em Luto de Barcelos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Apresentação do CAPELO de Barcelos - 29/11/2008

Numa sociedade em que a morte e a perda ainda são temas tabu, vamos falar abertamente da dor de perder um ente-querido. Vamos falar da dor pelas palavras que não tivemos tempo ou oportunidade de dizer. Vamos falar dos sentimentos de zanga que nos deixam angustiados. Vamos falar da saudade e do imenso vazio que fica com a perda de alguém que amamos. Vamos, abertamente, falar e explorar este processo que é o Luto.

Estamos, neste momento, em condições de fazer a apresentação oficial do CAPELO de Barcelos, que decorrerá no final deste mês, de acordo com as indicações que seguem abaixo:

Dia: 29 de Novembro de 2008
Hora: 19h
Local: Centro Social e Paroquial de Arcozelo, Barcelos

Contaremos com a presença do Prof. Dr. José Eduardo Rebelo (Presidente da APELO), do Prof. Dr. José Ferreira-Alves (Psicólogo e Professor da Universidade do Minho), do Sr. Francisco Rocha (Presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo).

Da Ordem de Trabalhos constam, entre outras:

* Apresentação dos elementos do CAPELO de Barcelos, do Prof. Dr. José Eduardo Rebelo como Presidente da APELO, do Prof. Dr. José Ferreira-Alves como Professor Universitário e colaborador do CAPELO e do Presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo – Sr. Francisco Rocha;
* Esclarecimento de questões a respeito do CAPELO: o que é, que objectivos, que serviços propõe, qual o local e horário de funcionamento, etc...

Contaremos com a presença de todas as pessoas interessadas em conhecer o CAPELO!

Poderão enviar questões ou sugestões que pretendam ver esclarecidas ou discutidas para o e-mail: barcelos@apelo.pt.

sábado, 18 de outubro de 2008

Luto por viuvez

Por cada luto que fica por fazer, por cada encolher de ombros que evita o mergulho na tristeza, cresce em nós uma pasta de assuntos pendentes, que vamos acartando, vida fora, cada vez mais densa e mais pesada” (Leal, Isabel, 2005).

A leitura desta frase, e do restante texto que o acompanha na “Notícias Magazine” de 26 de Junho de 2005, forneceu-nos o mote para escrever sobre um assunto sobre o qual trabalhámos e investigámos durante cerca de 3 anos. Consideramos este texto, mas a frase em particular, de uma clareza e objectividade surpreendentes. Com a leitura deste texto ficamos a entender que o luto precisa de ser trabalhado, de ser processado, apesar da dor, da tristeza, do desespero, da saudade, da solidão, da angústia que o acompanha. Porque trabalhar o luto significa entendê-lo como uma experiência que precisa de ser trabalhada, no sentido de que envolve todo um conjunto de emoções, sentimentos, recordações, pensamentos, desafios, marcantes para a experiência humana. Podemos afirmar que se trata da aprendizagem de uma tarefa que precisa de ser realizada em alguma etapa da nossa vida. Trabalhar o luto significa confrontar todas estas emoções e sentimentos associados à perda da pessoa querida. Não se trata, no entanto de romper os laços que unem a pessoa enlutada ao morto, mas antes dar-lhes um outro significado, de aprender a viver com as recordações, com as lembranças, com a perda.
No entanto, o luto não é só uma experiência a trabalhar, é mais do que isso. No caso das mulheres viúvas, o luto é um processo dinâmico, cognitivo e que envolve mais aspectos (além daqueles associados à própria perda) que precisam de ser lidados e confrontados, como é o caso das exigências da vida diária, onde podemos incluir a realização de tarefas antes levadas a cabo pelo falecido marido (caso do IRS), reestruturação da identidade (desempenho do papel de viúva), cuidar dos filhos (tarefa antes partilhada com o marido), implicações financeiras e na saúde (alteração da sua situação económica e agravamento de uma doença já existente), mudar-se para uma casa mais pequena. Estes aspectos funcionam como stressores secundários à perda e, também, eles causam elevados níveis de ansiedade e de aborrecimentos. São aspectos para os quais a viúva orienta a sua atenção, confrontando-os, lidando com eles, ao mesmo tempo que se vai adaptando à perda. Fazem parte de uma reorganização, de um restabelecimento, também ele parte de todo o processo, pois envolve lidar com mudanças surgidas em resultado da perda. E se, inicialmente, o processo é dominado pela focalização da atenção da viúva na própria perda, à medida que o luto se prolonga no tempo, a atenção da viúva dirige-se para as tarefas de restabelecimento podendo, no entanto, se assim o quiser, orientar a sua atenção, novamente, para aspectos relacionados com a perda, evitando lidar com aqueles relacionados com o restabelecimento. Por outro lado, haverá momentos em que a viúva evitará lidar com as tarefas de restabelecimento e decidirá confrontar os aspectos relacionados com a perda. Este vaivém entre o confronto e o evitamento dos diferentes stressores (perda e restabelecimento) é o aspecto essencial na adaptação à perda e do próprio processo de luto, conferindo-lhe dinamicidade.
Mas nem sempre a viúva estará a lidar com os dois tipos de stressores, ela poderá optar por não lidar com qualquer um deles, preferindo “tirar um tempo” e orientar a sua atenção para assuntos que não se relacionem com qualquer um deles, como ver um filme, ler um livro, sair com amigos, ir ao cinema. O que é importante é que a viúva não foque a sua atenção somente num dos stressores evitando lidar com o outro tipo. Para que a adaptação à perda se faça e o processo de luto se desenvolva é necessário que haja um equilíbrio neste vaivém, nesta oscilação entre os dois tipos de stressores. Processar o luto não pode constituir-se como uma experiência a ser evitada. Vivê-la, experienciá-la, seja através da oscilação referida, seja através de um conjunto de etapas, é algo que necessita de ser feito. Caso contrário, tal como Isabel Leal afirma a pasta de assuntos pendentes vai-se tornando cada vez mais pesada e, acrescentamos nós, dolorosa. Muitas vezes, contudo, a viúva não sabe como lidar com este acontecimento que é a perda da pessoa querida, procurando apoio e suporte nas pessoas mais próximas, como a família ou os amigos. Como este apoio não se prolonga no tempo, a viúva sente necessidade de procurar ajuda para processar o luto. Pode, então, recorrer aos serviços de apoio prestado por Grupos de Apoio, Programas ou Associações de Apoio às pessoas enlutadas. Os serviços prestados baseiam-se na partilha mútua de problemas e de experiências idênticas através da entre-ajuda. Nestes Programas, Grupos ou Associações o carácter comunitário é realçado ao minimizar as barreiras existentes entre as pessoas enlutadas, proporcionando um ambiente de partilha, legitimando as necessidades de cada pessoa e a sua capacidade em usar a própria experiência em benefício de outra pessoa.
Estes programas têm, pois uma natureza educativa, na medida que envolve uma aprendizagem que a viúva, com ajuda, irá realizar. Esta aprendizagem envolve a adaptação a uma nova realidade, como é o caso da mudança de papéis (de esposa para viúva). A viúva terá de desenvolver estratégias que a ajudem nesta adaptação à perda, podendo, assim, beneficiar da ajuda dum programa de apoio ou de um grupo. Trata-se, pois, de ajudar as pessoas enlutadas a fazer o trabalho de luto.
Dores Silva
Professora do 1º Ciclo do Ensino Básico

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

LUTO - Apresentação do Capelo de Barcelos

A característica que nos distingue das outras espécies animais, isto é, o ser humano enquanto ser racional, é a mesma que nos permite estar conscientes da inevitabilidade da morte, a nossa e a dos nossos ente-queridos. Vivemos numa sociedade em que a morte é um assunto quase tabu, em que o luto é asfixiado em conchas fechadas, reprimindo-se a dor, o desabafo, as lágrimas, a manifestação do misto intenso de emoções que nos assolam face à perda de um ente-querido.
Afinal, o que é o luto? Face à perda de alguém querido, as emoções atropelam-se, os pensamentos confundem-se e sentimo-nos desorientados, perdidos, tristes, zangados, aliviados... dores profundas que nos acompanham no dia-a-dia que, incrivelmente, continua impertubavelmente a sua rotina, apesar de todo o nosso sofrimento. O mesmo se aplica face à perda resultante de separação/divórcio, aborto, nascimento de um filho com deficiência física e/ou mental, perda do emprego, amputação de membros, a morte/perda de um animal de estimação, etc. Isto é, o luto existe inevitavelmente quando nos confrontamos com a perda de alguém ou alguma coisa significativa para nós. No seu livro “Desatar o Nó do Luto”, José Eduardo Rebelo descreve-o como “um período de tempo que necessitamos de viver, após a perda de uma pessoa que nos era muito querida, para que todos os momentos belos que com ela partilhámos se transformem em doces e suaves memórias”. Um período de tempo, portanto, em que precisámos reorganizar os sentimentos, as rotinas, as recordações e, no fundo, a vida após uma perda significativa. No fundo um processo. Um processo quase sempre difícil, sempre doloroso, quase sempre longo, nunca terminado.
A APELO, Apoio à Pessoa em Luto, surge para apoiar-nos neste processo. Um espaço de acompanhamento psicológico, aprendizagem, formação, desenvolvimento, esclarecimento de dúvidas e partilha de emoções. Um espaço em que não é tabu falar da morte, da pessoa querida que perdemos, da doença que nos consome e que condena o nosso tempo de vida obrigando-nos ao luto por nós próprios. Um espaço em que não nos pedem para conter as lágrimas que nos sufocam, não nos pedem para calar os gritos de revoltam que apertam o peito, não nos pedem para esquecer. É um espaço onde podemos chorar, gritar, expressar todos os sentimentos e recordar, partilhar a dor, a confusão, a revolta sem que nos julguem.
Implementando-se na cidade de Barcelos, o Centro de Apoio à Pessoa em Luto (CAPELO), procura chegar junto da comunidade de Barcelos e arredores, junto das pessoas em luto, contando com a colaboração de várias associações, centros sociais, hospitais, etc.

Sandra Ferreira
Psicóloga